Através das iniciativas do projeto E-Crafts, a Rosto Solidário teve o privilégio de conhecer uma das personalidades mais cativantes do seu processo, o artesão Luís Balão.
A ideia do projeto compreende as componentes sociais e artísticas, concentrando-se na educação e formação de adultos com menos oportunidades, de forma a construir competências para a sustentabilidade e bem-estar através da arte e dos saberes artesanais.
A Rosto Solidário encorajou Luís Balão a contribuir para o projeto como artesão, oferecendo a sua experiência, conhecimento e técnicas.
Adaptou-se ao projeto como se o mesmo fosse desenhado à sua medida; é uma pessoa com quem é fácil de se relacionar e que está constantemente alegre. Além disso, estabeleceu-se como um artista notável com uma história, antecedentes e conhecimentos de grande valor. Hoje, vimos partilhar consigo tudo o que aprendemos sobre este magnífico artista.
Luís Balão é designer de acessórios de moda, mais conhecido pelas suas malas de luxo feitas de diversos materiais. A sua arte centra-se no processo de costura à mão, e uma grande parte do seu trabalho incorpora a reutilização de materiais.
Iniciou-se nesta arte há 16 anos, tendo anteriormente trabalhado na indústria do calçado onde era representante de empresas de Espanha e Itália. Porém, devido à crise do calçado, especialmente em Portugal, algumas destas empresas cessaram as suas atividades e outras começaram a utilizar materiais que não satisfaziam os critérios da clientela do artesão. Assim, de um instante para o outro, Luís viu-se praticamente sem representação, passando de parcerias com 12 empresas para apenas 2 ou 3. Já não era sustentável.
Foi nesta fase da sua vida que optou por dar a volta e tentou explorar algo que lhe despertava o interesse: o artesanato.
Inspirou-se na área que representava, bem como nos conhecimentos que adquiriu através do contacto direto com estilistas e modelistas, e assim começou a fazer os seus próprios acessórios de moda, com base em dois pilares fundamentais: primeiro, cada peça seria única, produzindo apenas um exemplar de cada; e segundo, todas as peças seriam cosidas à mão.
Ao longo do seu contacto com as indústrias de calçado e vestuário, testemunhou muitos materiais a serem desperdiçados e desprezados pelas indústrias, particularmente couro e outros têxteis. O impulso teve origem a partir daí: ele queria criar algo único e baseado em retalhos, revitalizando o “lixo” dos fabricantes.
Foi influenciado pela costura dos sapatos de vela, fascinando-se pelo facto de nenhuma máquina a conseguir executar. Luís potencia os seus conhecimentos de design para criar os seus próprios moldes, permitindo-lhe criar artigos realmente únicos. Não demorou muito até começar a experimentar materiais não convencionais como latas de refrigerante e cerveja, e até mesmo discos de vinil. Estas obras de arte tornaram-se espécimes icónicos que ninguém poderia ter previsto.
Desde então, a procura tem aumentado, e a carreira do artesão desenvolveu-se rapidamente.
A sua vida profissional atual consiste em criar de forma sustentável, e enquanto não produz, está atento a novos materiais e conhecimentos que o possam ajudar a melhorar as suas peças. Dedica-se aos eventos de moda para os quais é convidado, onde pode apresentar os seus artigos de forma invulgar e desafiante. Além disso, ocupa-se com workshops, tais como os dirigidos pela iniciativa E-Crafts da
Rosto Solidário, para os quais sempre demonstrou uma enorme dedicação e orgulho, contactando com pessoas de muitas nações, culturas e estilos de arte, privilegiando e disseminando constantemente a prática da reutilização e reciclagem de materiais.
Aqueles que o conhecem observam que o seu entusiasmo, vigor e arte permeiam tudo aquilo em que toca.
Continuaremos a observar atentamente o seu percurso e a aplaudirmos orgulhosamente as suas conquistas.