A Carla não possui uma formação artística particular, contudo sempre teve um forte entusiasmo e aptidão para as artes manuais e por todo o tipo de atividades que envolvam alguma criatividade.
Este bichinho apareceu relativamente cedo e de forma muito orgânica: por volta dos 8/9 anos aprendeu a usar a máquina de costura, assim como a fazer crochet, a bordar e a tricotar. E as técnicas sempre a acompanharam desde essa época. Em criança fazia peças para os seus bonecos, mais tarde fazia coisas para si própria, depois passou a fazer para os filhos, e agora para os netos. São hobbies que lhe trazem satisfação e, ainda mais, a possibilidade de partilhar estes saberes com outros, tal como fizeram com ela.
A nível profissional, o seu percurso inclui alguma diversidade, estudou Engenharia Cerâmica e do Vidro, agora conhecida como Engenharia de Materiais, na Universidade de Aveiro. Também frequentou o Wall Street Institute com o objetivo de melhorar o seu nível de inglês. Fez uma formação em modelação de calçado e marroquinaria no Centro de Formação da Indústria do Calçado, em S. João da Madeira. Foi responsável laboratorial na indústria da cerâmica de grés. Ao longo de 20 anos, fez a gestão de uma cadeia de 10 lojas de calçado e acessórios assim como o acompanhamento do desenvolvimento das coleções da marca.
Cocriou uma marca de calçado de senhora comercializada em feiras europeias internacionais e foi também proprietária duma pequena loja de calçado com o desenvolvimento de alguns modelos próprios.
Atualmente, trabalha na ONGD Rosto Solidário, onde é responsável pelo acompanhamento e gestão das atividades dos voluntários europeus, recebidos ao abrigo do programa Europeu – Corpo Europeu de Solidariedade, e é também responsável pelas candidaturas e gestão dos mesmos projetos.
É também na Rosto Solidário que pode colocar em prática a sua veia artística. Aqui, colabora na gestão e manutenção do banco de recursos da Organização, e foi neste contexto que se confrontou com a elevada quantidade de materiais doados: desde têxteis sem interesse para serem doados, até mobiliário em elevado estado de deterioração. Assim, e fazendo algum proveito do estado de confinamento, a Rosto Solidário avançou com a criação de um atelier, com a colaboração dos voluntários. O atelier tem como principal objetivo, o início da prática de transformação de têxteis, começando pela realização de máscaras reutilizáveis e, posteriormente, desenvolvendo artigos mais complexos com utilidade para a Organização, passando também pela recuperação de peças de mobiliário que sem esta intervenção estariam condenadores à lixeira. Ainda hoje, este atelier funciona como um local para a reutilização extensa de uma variedade de materiais e fornece também um espaço onde os voluntários podem aprender a utilizar as ferramentas e a explorar a sua aptidão com vários materiais, tudo com o apoio e orientação da Carla.
Para além desta sua intervenção significativa no atelier, Carla teve também um papel fundamental numa das iniciativas levadas a cabo pela Rosto Solidário, o projeto E-Crafts, que funcionou também no referido espaço. Neste projeto, a Carla pôde ensinar outras pessoas a trabalhar com a máquina de costura, em conjunto com outros artesãos que também ensinaram técnicas ao nível das criações em couro, madeira e materiais diversos, sempre numa ótica de upcycling e reciclagem, colocando em prática, assim, alguns dos seus maiores gostos: a criação e a partilha de saberes.
A Carla é um dos principais rostos da Rosto Solidário e continua a desempenhar com distinção todas estas tarefas dentro da Organização. A sua prontidão vai marcando positivamente o caminho daqueles que por ali passam, particularmente os jovens voluntários por ela acompanhados.