BURGOS SOLIDARIA Y SOSTENIBLE
Estado: em curso
Início: 7 de abril de 2015
Conclusão: 4 de janeiro de 2016
Local: Burgos, Espanha
Parceiros: AIE
Entidade Financiadora: Erasmus+
O Projeto BURGOS SOLIDARIA Y SOSTENIBLE teve como objetivo principal potenciar aprendizagens dos/as os/as voluntários/as através do sua participação ativa em três áreas de intervenção da Amycos: educação para o desenvolvimento, ação social e promoção do voluntariado local e internacional.
OBJETIVOS
- Promover cidadania ativa em geral e a cidadania europeia em particular junto de jovens;
- Criar compreensão mútua entre jovens de diferentes países;
- Promover a cooperação europeia na área da juventude.
“Era uma vez Fernando Pessoa, um escritor iluminado, que um dia disse: “Há um tempo onde é necessário abandonar as roupas usadas que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e se não ousarmos fazê-la ficaremos para sempre à margem de nós mesmos”. Sempre soube que não queria ficar à margem de mim mesma e que esta seria a oportunidade ideal para ousar fazer, de novo, a travessia.
Sempre acreditei que a vida enfrenta-nos a novos desafios só quando estamos preparados. Não há que ter pressa para que as coisas sucedam. Quando a oportunidade é a ideal e vem no momento certo, tu simplesmente sabes que a tens de a agarrar e que tudo vai dar certo. Enches-te de uma confiança e nem sequer sabes o porque de estares tão segur@. Bem, tudo isto se passou despois da entrevista e antes de saber que tinha sido selecionada para participar num projeto de Serviço Voluntariado Europeu em Burgos, Espanha. Tudo isto, 9 meses antes de saber que as coisas iam ser muito melhor que alguma vez planeei ou atrevi-me a pensar.
Parti em direção à aventura, sempre confiante e com poucos medos. Se algo fez crescer esta confiança ao mesmo tempo que afastava os medos foi o facto de conhecer desde o inicio os objetivos do projeto, a instituição onde o ia desenvolver e sobre que condições, direitos e deveres. Ter as informações sempre claras e transparentes alimentou ainda mais a segurança.
Lembro-me de um conto que me leram, já em Burgos, onde a moral da história dizia-nos que temos de ter a coragem e a capacidade de esvaziar-nos de conteúdos e procurar no profundo do nosso ser o que temos para dar. Isto fez todo o sentido para mim. A verdade é que cheguei a uma cidade desconhecida, pronta e disponível a dar o que tinha. Não falo de conteúdos nem de experiência porque essas são ainda muito escassas. Falo de valores, exemplos, dedicação e entrega. De altruísmo, generosidade e essencialmente de humanismo.
Deves estar a pensar que não é necessário sair da nossa zona de conforto para nos dar aos outros. Estás cert@. Antes de procurar faze-lo fora, devemos faze-lo na nossa casa, na nossa comunidade, a nível regional ou até mesmo nacional. No entanto isso já era uma experiência que levava dentro da minha bagagem. Desejava por mais!
Tinha vontade de voar mais alto, desafiar-me, conhecer-me mais e melhor. Descobrir e valorizar o que levo dentro de mim e saber quem sou. Queria saber como usar a minha liberdade na procura de um sentido para a vida.
Tod@s temos asas para voar. As minhas levaram-ma a conhecer e relacionar-me com pessoas de outras culturas, que me enriqueceram a vida, levando-me a abrir horizontes, a mente e a conceção que tinha do Mundo. Conheci histórias de vida, olhares e sorrisos que jamais teria conhecido se não ousasse fazer a travessia.
A zona de conforto pode ser o nosso vício mais perigoso. Tive que ser valente e lançar-me tal e qual como sou. Devemos ser fieis a nos mesmos e quando isso acontece, descobres que há pessoas que gostam de ti e te aceitam tal como és. Sabes melhor quais são as experiências que queres realizar e vives intensamente para que sintas que estás a disfrutar da oportunidade e da vida.
Conheci pessoas bonitas (desconhecidas que se tornaram conhecidas e outras que nunca passaram do anonimato) que me fizeram sorrir, aproveitar o momento e partilhar o calor do companheirismo. Pessoas que não julgaram e que me mantiveram forte. Outras que sem o saberem ensinaram-me muito sobre a vida e o meio laboral. E ainda outras que pensaram por mim e me aconselharam quando eu já não tinha a capacidade de gerir um conflito (Sim! Porque os momentos menos bons também existem e há que ter a mesma valentia para os enfrentar).
No trabalho assim como na vida social houve pessoas que me encantaram. Não por algo em particular mas porque me dedicaram tempo, confiança, transmitiram-me serenidade e fizeram-me acreditar numa melhoria na educação e na paz do futuro. Pessoas que me fizeram sorrir livremente, cantar alto e dançar no corredor da casa.
São estas as lembranças que tenho do meu projeto SVE. De Burgos. A final é uma experiência que não tem caducidade. Ficará para sempre em mim. E como todas as experiências, esta também foi modelando a minha identidade, a pessoa que sou e a pessoa que quero ser.
Agora só ficam as pessoas, as experiências e as memórias. E quando me recordar delas sempre o farei com um sorriso, alegria e com o sentimento de missão cumprida. As memórias e as pessoas serão a prova que tudo mereceu a pena. E isso já ninguém me pode tirar.
Era uma vez uma rapariga que decidiu esquecer-se dos caminhos que sempre a levava aos mesmos lugares…
Joana Costa